domingo, novembro 28, 2004

«Blogs fazem jornalismo?»

Um artigo interessante, sobretudo para os habitantes da blogosfera. Será que os blogs fazem jornalismo? Até onde se estende o poder daqueles que são, sem dúvida, os mais novos media da história da comunicação?
Uma reflexão interessante pode ser encontrada num artigo do Observatório de Imprensa brasileiro: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=303ENO001

Para quem se interessar

  • O cidadão-jornalista («Uma experiência do jornalismo democratizado»):

http://www.msnbc.msn.com/id/6356311

  • Ensino e investigação do jornalismo em Portugal:
http://www.clubedejornalistas.pt/DesktopDefault.aspx?tabid=223

  • Media, jornalistas e cidadãos:
http://www.clubedejornalistas.pt/DesktopDefault.aspx?tabid=176

sábado, novembro 27, 2004

Mal posso esperar!

Acabei de ler que Hollywood está a preparar uma sequela d' "Os suspeitos do costume".
A minha reacção é só uma: YUUUUUUUUUUUPPPPPPPPIIIIIIIIIIIIIIIII!!

Cinanima 2004

«O CINANIMA - Festival Internacional de Cinema de Animação realiza-se há 28 anos na cidade de Espinho. Único do género em Portugal e um dos mais conhecidos e reputados a nível mundial é, desde sempre, impulsionado por esse grande animador cultural que é António Gaio. O CINANIMA mostra as novas obras de cinema de animação que se produzem, quer no nosso país, quer além fronteiras. Além da Competição, apresenta retrospectivas, workshops, debates, exposições.
Tal como no passado ano, a Culturgest apresenta os filmes vencedores desta 28ª edição do Festival.»
Fonte: http://www.culturgest.pt/actual/cinanima.html

Confesso que nunca liguei muito a curtas-metragens de animação (sobretudo aquelas feitas à margem das grandes companhias, como a Pixar).
Por sugestão de um amigo, fui ontem à Culturgest, assistir à mostra dos vencedores do Cinanima deste ano. Tive pena de só ter sabido do evento no próprio dia, dado que perdi a sessão do dia anterior, onde exibiram as curtas nacionais.
Ainda assim, foi uma excelente noite. Cerca de uma hora e meia (9 curtas) de puro espectáculo visual.
O grande prémio Cinanima 2004 foi atribuído a "Ryan", de Chris Landreth (Canadá), mas todas elas merecem destaque:
________________________________________________________
Categoria A
Wind Along the Coast,
Ivan Maximov · Rússia · 35mm · 6’

Categoria A (Menção Honrosa)

Fishes,
de Mirek Nisenbaum · EUA · DVD · 2’

Categoria B
MORIR DE AMOR,
de Gil Alkabetz · Alemanha · Beta · 13’ 36’’

Categoria B
Une Partie de Pétanque,
de Rodolphe Dubreuil · França · Beta · 4’ 48’’

Prémio Banda Sonora

Generation,
de David Downes · Nova Zelândia · Beta · 13’ 15’’

Categoria E (Menção Honrosa)
Les Yeux Fermés,
de Jeanne Pature · França · Beta ·7’ 56’’

Categoria F
No Limits,
de Heidi Wittlinger, Anja Perl, Max Stolzenberg · Alemanha · 35mm · 1’

Prémio Especial Cidade de Espinho
The Final Solution,
de Phill Mulloy · Alemanha

Prémio Alves Costa
Ryan,
de Chris Landreth · Canadá · Beta · 13’ 50’’
________________________________________________________

Para o ano, não me vou esquecer. Se gostam de cinema, não se esqueçam também.

Paula Rêgo na Fundação Serralves

Na passada 5ª feira, dia 25 de Novembro, fui ao Porto, ao Museu de Arte Contemporânea da Fundação Serralves, ver a exposição da Paula Rêgo, a maior pintora portuguesa da actualidade.
Fiquei pasmada.
Este post é apenas para me lembrar de que estive lá. Não vou sequer tentar adjectivar o que vi pois penso que ultrapassa os limites do sublime.
Fiquei apaixonada pela obra da Paula Rêgo. Não a considero menos do que um génio.
Decidi não pôr aqui nenhum quadro dela porque: a) acho difícil escolher apenas um; b) sinto que ter a obra da Paula Rêgo aqui é quase como vulgarizá-la.
Se puderem, vejam a exposição, é imperdível. Creio que não vem para Lisboa (assistimos a um exemplo de descentralização das actividades culturais que, apesar de não dar muito jeito aqui à menina da capital, é algo a valorizar).
Para a semana já conto ter comigo o catálogo da exposição. Já tenho saudades dos quadros...

P.s.: Não quero dar aquela ideia de que acho que os portugueses não dão valor ao que têm e que os outros é que sabem o que é bom, mas o facto é que a Paula Rêgo é mais reconhecida internacionalmente do que no seu país. É pena...

terça-feira, novembro 23, 2004

Contagem decrescente

Já não falta muito para chegarmos às autárquicas. Sei-o não por estar extremamente interessada na sua chegada (embora até esteja um bocado), mas porque, subitamente, eis que:

- As ruas da minha cidadezita são varridas constantemente;
- Os poucos locais com relva são regados frequentemente;
- Estão a pôr as rotundas, que antes eram círculos de terra e ervas daninhas, (ligeiramente) mais bonitas;
- Estão a fazer obras no pavimento de algumas ruas (embora não nos locais mais críticos).

Pena que estas coisas só aconteçam mesmo nesta altura e que, durante o resto do tempo, a junta de freguesia e a câmara municipal não sejam mais do que simples organismos impregnados de funcionárias públicas antipáticas. Pena que as obras verdadeiramente importantes não sejam uma característica de determinados governos mas sim um sinal de que o seu tempo pode estar a esgotar-se e é melhor dar ares de quem faz qualquer coisita.
E lá vão enganando alguns...

segunda-feira, novembro 22, 2004

500 euros para ver Woody Allen em Portugal

Parece até uma piada. 500 euros para ver Woody Allen e a sua banda em Portugal, na passagem de ano 2004/2005... e eu que achei que os bilhetes para a Madonna eram estupidamente caros (e agora que penso nisso, ainda acho).
Eu não pagava 500 euros nem para ver... para ver... bem, nem me lembro de nenhum exemplo de estrela maior... não pagava 500 euros para ver ninguém! E, se quisesse muito ver o Woody Allen (o que não é o caso), com 500 euros já fazia um pé-de-meia jeitoso para ir vê-lo a Nova Iorque, ao café onde habitualmente actua.
Nem parece que estamos em Portugal! Um ordenado mínimo não paga um bilhete para ir ver o homem!
Mas, não sei porquê, estou cá com a impressão de que a lotação vai esgotar...

Interessante

O artigo sobre a interactividade dos novos media, na revista Meios, a revista da Associação Portuguesa de Imprensa;

e também um artigo publicado no site do Clube de Jornalistas, The News Media's effort to hide from significant truth, por Ken Sanes. Uma abordagem à relação entre os media e o poder.

Dois artigos sobre os media, com temas e abordagens totalmente diferentes, próximos apenas pela sua relação com a actualidade e com o que se prevê que venha a ser o futuro.

domingo, novembro 21, 2004

A questão das fontes

Numa altura em que a questão das fontes do jornalista é tão discutida, surpreendeu-me uma notícia que encontrei no site do Clube de Jornalistas que diz que dois jornalistas do The New York Times, jornal norte-americano de referência, publicaram um artigo de 1400 palavras onde conseguiram encaixar 22 (!) fontes anónimas.
O artigo, "Cabinet choices seen as move for more harmony and control", fala sobre a remodelação do governo norte-americano e cita fontes tão pouco credíveis como "one senior official", "a close associate of Mr. Powell" ou "one administration official".
Este facto é ainda mais surpreendente se considerarmos que, para além de todo o prestígio conferido ao jornal em causa, esta situação se verifica no momento em que o mesmo anuncia a criação de um organismo interno para aumentar a sua credibilidade, eliminando as fontes anónimas.

Unwell

All day
staring at the ceiling making
friends with shadows on my wall
all night
hearing voices telling me
that I should get some sleep
because tomorrow might be good
for something

Hold on
I'm feeling like I'm headed for a
breakdown
and I don't know why

I'm not crazy I'm just a little unwell
I know right know you can't tell
but stay a while and maybe then you'll see
a different side of me
I'm not crazy I'm just a little impaired
I know right now you don't care
but soon enough you're gonna think of me
and how I used to be

See me
talking to myself in public
and dodging glances on the rain
I know
I know they've all been talking about me
I can hear them whisper
and it makes me think there must be something wrong
with me

out of all the hours thinking
somehow
I've lost my mind

I'm not crazy I'm just a little unwell
I know right now you can't tell
but stay a while and maybe then you'll see
a different side of me
I'm not crazy I'm just a little impaired
I know right now you don't care
but soon enough you're gonna think of me
and how I used to be

I've been talking in my sleep
pretty soon they'll come to get me
they'll be taking me away

By Rob Thomas, Matchbox 20


sábado, novembro 20, 2004

A minha música na net...

Estava a passear pela net, no meu passeio virtual, quando resolvi espreitar os sites de alguns dos artistas da minha preferência. Resolvi então destacar aqui dois deles porque não se limitam a ser o site do tal artista, mas são também bons sites (na minha modesta e insapiente opinião...):

o site de John Mayer
e o site de Yann Tiersen

Estes sites são uma das milhentas provas de que a cultura não tem que ser, nem é, algo que caminhe distante das novas tecnologias. Há muito que os artistas, e as pessoas de um modo geral, reconheceram que, na aldeia global (ai Mcluhan, odeio-te e, no entanto, cito-te...), ou se rendem aos novos media ou acabam por ser asfixiados por eles, desaparecendo sem rasto, não importando sequer o seu valor ou talento.

Livros na FIL

Começou hoje, na FIL, a 7ª Feira do Livro da Associação Portuguesa de Editores e Livreirosn (APEL).
Esta feira estará no Pavilhão 2 da FIL, no Parque das Nações, até ao próximo dia 28.
Dividida em duas secções, esta feira conta com uma área de livreiros e alfarrabistas (onde se encontram, às vezes, verdadeiras preciosidades) e uma zona de saldos e promoções, com livros desde um euro.

O veto presidencial

O nosso PR parece, felizmente, estar atento ao comportamento deste governo. Numa atitude de louvar, que quase desculpa alguns erros passados, Jorge Sampaio vetou a criação da central de comunicações do governo.
Esta central seria, claramente, mais um centro de triagem de informação, um dos muitos modos de censura que este governo tão fortemente exerce e seria, simultaneamente, uma espécie de detergente para que, não importa a quantidade de asneiras feitas, a imagem deste governo chegasse sempre ao povo do modo mais imaculado possível.
Felizmente, este é um projecto que não irá para a frente. No entanto, é importante que o PR continue de olhos bem abertos pois este governo já provou que é hábil em encontrar estratégias de disfarce para as suas políticas extremistas (e fascistas mesmo...).
Uma coisa tenho que reconhecer: parvo o Santana não é! É que resolver problemas e cumprir promessas são coisas que dão muito trabalho! É muito mais prático criar uma central de comunicações para impedir que as pessoas tenham conhecimento dos problemas, do que tentar resolver esses mesmos problemas. Vistas bem as coisas, ele até tem umas ideias...

A questão é que esta questão está fora de questão...

"Concorda com a Carta de Direitos Fundamentais, a regra das votações por maioria qualificada e o novo quadro institucional da União Europeia, nos termos constantes da Constituição para a Europa?"

Esta foi a questão aprovada para ser colocada aos portugueses no referendo sobre a constituição europeia. Tenho alguma dificuldade em considerar que isto seja uma questão. São várias questões. Três questões, para ser mais exacta.
Ler esta questão leva-me a pensar que, das duas uma: ou este governo tem demasiada confiança na capacidade interpretativa do povo português ou então está realmente a brincar connosco! O português comum NÃO percebe esta questão (e nem é por ser limitado, é mesmo porque ela é quase imperceptível, de tão complexa).
A abstenção vai, certamente, atingir níveis nunca vistos, no próximo referendo.
A culpa é deles...não explicam!

Nós na política

Eu já fiz o teste. Façam-no também na Bússola política do Público. O resultado pode ser curioso.

quinta-feira, novembro 04, 2004

A Solidão morou em Paris (e não pagava a renda)

Os pormenores desta história são um pouco incertos e vagos porque a pessoa que ma contou não entrou em detalhes. Ainda assim, resolvi contá-la também, lamentando eventuais falhas.

Foi em Agosto que o mistério foi desvendado.
Um senhor que morava em Paris tinha, havia já cinco anos, deixado de pagar as suas contas. Ao longo desses cinco anos, as respectivas empresas foram-se encarregando de, por falta de pagamento, cortar os serviços que dispensavam ao senhor, como água, electricidade ou telefone.
Como o senhor também parecia recusar-se a pagar a renda da casa, o senhorio pô-lo em tribunal. Ao fim de cinco anos (porque não é só em Portugal que a justilça é lenta), foi emitida uma acção de despejo e um oficial de justiça foi entregá-la a casa do senhor (que nunca tinha comparecido a nenhuma audiência).
Como o senhor não atendia, viram-se obrigados a entrar em sua casa.
Foi lá que descobriram o seu cadáver, já em decomposição.
O médico legista concluiu, após analisar o cadáver, que aquele senhor não pertencia ao mundo dos vivos havia já CINCO ANOS.

Cinco anos... cortaram-lhe todos os bens essenciais, puseram-lhe processos em tribunal, fizeram de tudo mas nem uma vez se preocuparam em tentar falar com ele, visitá-lo, saber as suas razões para não pagar as contas. Cinco anos. Cinco Natais, cinco Páscoas, cinco aniversários e nem um primo em décimo grau se dignou sequer a tentar saber notícias deste homem.
Este é, para mim, o cúmulo da solidão. A solidão é uma gigante metrópole onde ninguém se olha nos olhos e todos os contactos são feitos por intermediários. A solidão é um cadáver com cinco anos, trancado numa casa que já nem é sua.

Acontecimento do mês

Não, o acontecimento do mês não foram as eleições norte-americanas (se falássemos da palhaçada do mês, talvez fosse esse o assunto). O acontecimento do mês de Novembro é o lançamento, já no dia 9, do 17º romance de António Lobo Antunes (tinha que ser, não é?), intitulado Eu Hei-de Amar uma Pedra. É quase dia 9! Corram para as livrarias!

Isto foi serviço público e da mais alta qualidade... ;)

terça-feira, novembro 02, 2004

'As asas do Desejo', Wim Wenders

Der Himmel über Berlin é o título original do filme de 1987, realizado por Wim Wenders. O título em português é As Asas do Desejo, tradução cuja legitimidade e adequação é discutível. Há casos em que a tradução literal é uma boa opção e, na minha opinião, este é um deles.
Com um argumento de Wim Wenders, Peter Handke e Richard Reitinger, Der Himmel über Berlin situa-se no pós-guerra de Berlim, na cidade desunificada.
Há anjos nas ruas de Berlim. Anjos que, ainda que invisíveis, apoiam e protegem os homens, os comuns mortais. Há anjos que vagueiam pelas ruas de Berlim, pela Biblioteca, pelo circo, por todo o lado, observando as atitudes e vivências humanas, olhando para e pelos humanos. São anjos diferentes daqueles que costumam habitar o imaginário infantil, através das fábulas: estes não têm caracóis loiros, um ar angelical e um talento para a harpa. São anjos que, em termos físicos, se assemelham aos homens. E são, sobretudo, anjos com poder de decidir tornar-se homens (ainda que a decisão seja irreversível).
O facto de estes anjos de Wenders poderem tornar-se humanos (e mais do que poderem, desejarem fazê-lo) traz à luz a questão de que, se os humanos são menos perfeitos por serem mortais, os anjos não são, ou pelo menos não se sentem, mais perfeitos por o serem. O ideal será então o equilíbrio: a aliança entre o espiritual e o corpóreo, o acesso aos dois estágios da existência.
Neste filme emocionalmente poderoso, Wenders joga com as duas realidades, fazendo dos olhos do espectador os olhos dos anjos e dos mortais. O recurso à alternância entre o preto e branco e a cor é revelador dessa intenção. Os anjos vêem o mundo a preto e branco. Têm a imortalidade, mas falta-lhes a cor. São criaturas celestiais, próximas do divino. Porém, não podem experienciar coisas tão primárias como o sabor do café ou a dor de bater com a cabeça.
Os anjos do filme surgem também como portadores de uma mensagem que vai muito além da mensagem de paz e amor que é costume atribuir-lhes, nos contos para crianças. Os anjos de Wenders mostram-nos a paz presente na guerra, a organização presente no caos, a beleza perdida no meio da destruição, de uma civilização à beira do colapso. Que importa a falência económica do circo, comparada com a beleza dos movimentos da trapezista?
As crianças, tantas vezes referenciadas do filme, são um elemento fundamental, quer na criação do imaginário do filme, quer na exposição dos pensamentos das personagens. É da mente pura da criança que saem as interrogações mais profundas («porque sou eu e não sou outro?») e é dessa matéria que se constrói a narrativa do filme: o porquê da existência, como dar-lhe o sentido, como procurar a essência da existência... interrogações intermináveis que levam a uma mesma conclusão: não existem seres perfeitos. A perfeição é apenas alcançável pelo encontro com o outro.
Nenhum comentário ao filme estaria completo sem uma referência à banda sonora, com música original de Jürgen Knteper. A excelente qualidade da fotografia (apenas com alguns defeitos na edição das imagens), aliada à inquietante banda sonora, produz um efeito quase onírico, como se o espectador fosse transportado para dentro da mente daquele que reflecte.
Der Himmel über Berlin é o tributo de Wim Wenders ao Amor, à vida e a Berlim. Posted by Hello