At Last the Secret is Out
At last the secret is out, as it always must come in the end,
The delicious story is ripe to tell to the intimate friend;
Over the tea-cups and in the square the tongue has its desire;
Still waters run deep, my dear, there's never smoke without
fire.
Behind the corpse in the reservoir, behind the ghost on the
links,
Behind the lady who dances and the man who madly drinks,
Under .the look of fatigue, the attack of migraine and the sigh
There is always another story, there is more than meets the
eye.
For the clear voice suddenly singing, high up in the convent
wall,
The scent of the elder bushes, the sporting prints in the hall,
The croquet matches in summer, the handshake, the cough,
the kiss,
There is always a wicked secret, a private reason for this.
W. H. Auden, 1936
and so it is...
Nunca penso no Natal como uma época religiosa mas sim como uma festa de família, daquelas noites de encaixar na moldura, com a lareira acesa e toda a gente à volta da mesma mesa. Daí a revolta que senti por ter tido que sair para trabalhar logo a seguir ao bacalhau (que para mim, que sou esquisita, é atum) e ter atrasado para depois da meia-noite a abertura dos presentes.
Hoje, no centro comercial, passei por duas das pessoas com quem falei nessas cerca de duas horas de trabalho na noite de Natal. Também estavam a trabalhar mas não tinham a sorte de ir para casa a correr logo a seguir à meia-noite, como eu. Reconheceram-me. Noutros dias, já tive emails e telefonemas de agradecimento depois do texto publicado ou "obrigados" sentidos ainda antes de o texto estar escrito, só pela conversa e pela intenção de mudar alguma coisa. Assim vale a pena. Mesmo que os fins-de-semana tenham desaparecido por completo da agenda e a cabeça se perca num mar de assuntos pendentes.
Do Galeto
Fechou o restaurante que nunca fechava. O facto de um lugar mítico como este (a funcionar há cerca de quarenta anos) encerrar por questões de higiene deixa-me com dúvidas em relação a 99,9% dos sítios que frequentamos.
(oh bolas, que os gelados eram bons que se fartavam!)
Hoje à noite, no Casino de Lisboa
Andava eu sem ter onde cair vivo
Fui procurar abrigo nas frases estudadas do senhor doutor
Ai de mim não era nada daquilo que eu queria
Ninguém se compreendia e eu vi que a coisa ia de mal a pior
Na terra dos sonhos, podes ser quem tu és, ninguém te leva a mal
Na terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igual
Na terra dos sonhos não há pó nas entrelinhas, ninguém se pode enganar
Abre bem os olhos, escuta bem o coração, se é que queres ir para lá morar
Andava eu sózinho a tremer de frio
Fui procurar calor e ternura nos braços de uma mulher
Mas esqueci-me de lhe dar também um pouco de atenção
E a minha solidão não me largou da mão nem um minuto sequer
Na terra dos sonhos, podes ser quem tu és, ninguém te leva a mal
Na terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igual
Na terra dos sonhos não há pó nas entrelinhas, ninguém se pode enganar
Abre bem os olhos, escuta bem o coração, se é que queres ir para lá morar
Se queres ver o Mundo inteiro à tua altura
Tens de olhar para fora, sem esqueceres que dentro é que é o teu lugar
E se às duas por três vires que perdeste o balanço
Não penses em descanso, está ao teu alcance, tens de o reencontrar
Na terra dos sonhos, podes ser quem tu és, ninguém te leva a mal
Na terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igual
Na terra dos sonhos não há pó nas entrelinhas, ninguém se pode enganar
Abre bem os olhos, escuta bem o coração, se é que queres ir para lá morar
(Jorge Palma, "Na Terra dos Sonhos", 1979)