segunda-feira, agosto 08, 2005



Logo após ter-se tornado uma estrela internacional com 'Faith', de 1987, George Michael desenvolveu um complexo de que não estava a ser levado a sério como artista. E tinha razão - no auge do seu sucesso, as estrelas Pop raramente o são. Somente depois de algum tempo no mundo da música é que a crítica e o público lhes concede a aclamação. Os legados de Elton John e Madonna são ambos bons exemplos. Considerados ícones Pop, receberam óptimas críticas ao seu trabalho após terem provado a durabilidade das suas carreiras. No entanto, Michael não tinha paciência (claro está) para esperar até ser considerado um artista consagrado e não apenas uma estrela Pop. Como tal, avançou com 'Listen Without Prejudice, Vol 1', que, na sua essência, se introduziu ao mundo como uma crítica aos cépticos que haviam tecido noções pré-concebidas da sua pessoa e da sua música. Este disco foi considerado um devaneio, ainda que temporário, como que um exorcizar necessário na sua carreira a solo. Contudo, ao longo dos anos foi notável que é este o seu disco mais significativo. Não que tenha lançado muitos, já que levou seis anos a conceber 'Older' e outros oito até à chegada de 'Patience'.

Estes longos períodos de tempo entre álbuns sugerem que George Michael é um árduo perfeccionista em estúdio, e 'Patience' é certamente o trabalho de um artista que passou cada dia desses oito anos a aprimorar as suas catorze faixas. Enquanto que sónica e líricamente as temáticas estão unificadas ao longo do disco, cada faixa possui a sua própria identidade, polida e manufacturada de modo a aglutinar-se minunciosamente com a seguinte. Existe aqui uma excessiva contemplação do detalhe, o que significa que cada canção tem cerca de um ou dois minutos perfeitamente dispensáveis, fazendo com que 'Patience' pareça ter o dobro da duração. Infelizmente, diga-se, dada a qualidade da sua essência. É díficil não admirar a sua produção e a sua escrita é brutalmente honesta e directa. Como um todo, oferece um equilíbrio entre as harmoniosas baladas e os arrojados cuts Neo-Disco, embora careça de trauteáveis e deliciosos ritmos como os de 'Older' ou 'Listen Without Prejudice'.

Esta é naturalmente uma decisão consciente de Michael, como que se um ingresso na mainstream pop lhe minasse a credibilidade artística. Não é claramente aquilo que o artista deseja e, não deixando de ser uma óptima incursão, funciona como esconderijo para eventuais refrões Pop, ofuscados pela preponderância e resplandescência dos vários mid-tempos patentes. Salpicando-o com alguns números upbeat teriam, certamente, solto um pouco mais o ambiente sóbrio e pomposo que povoa este álbum.

2 Comentários:

Às segunda-feira, agosto 08, 2005 12:36:00 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

Ainda bem que não é o disco que ele queria...se fosse "O" disco, daqui para a frente seria sempre a descer. E não é o que espero de George Michael, um artista que também eu (para além dos críticos que realmente percebem) tenho vindo a respeitar cada vez mais.
Não conheço a sua música em profundidade, apenas os singles que todos conhecem das rádios e dos canais de música. Mas conheço a dimensão que tem no mundo da música, a fama que conseguiu alcançar e o grande número de fãs fiéis que o seguem há anos a fios. Lembro-me agora dos Bon Jovi e do seu 100000000 Bon Jovi Fans Can't Be Wrong (acho que o número de zeros está certo). O mesmo se aplica aos que seguem George Michael desde os primórdios (wake me up before u go-go/ don't leave me hanging on like a yo-yo... lá lá lá). Aqui a freak gosta é destas coisas velhas... :)

 
Às quinta-feira, abril 26, 2007 10:36:00 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

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