terça-feira, maio 31, 2005

Chegou o Sabado

Há cerca de três anos que aguardo religiosamente este livro, mesmo depois de ler praticamente todos os livros editados, ainda faltava qualquer coisa, o seu último trabalho e talvez um dos melhores.
Ian McEwan, escritor inglês de 48 anos, que passou grande parte da sua infânica na Alemanha e no Norte de África, é um dos escritores contemporâneos mais aclamados e respeitados do panorâma literário, tanto inglês como mundial.

Com 16 obras publicadas, entre romances, contos e argumentos de cinema, McEwan é um dos meus escritores preferidos e que consegue envolver-nos na intriga de uma forma bastante forte. Alguns dos seus melhores livros são, Expiação, Amsterdão e Fardo do Amor (recentemente adaptado ao cinema). O seu mais recente romance é Sábado e retrata a vida de um neurocirurgião (Henry Perowne) num só dia do seu dia-a-dia atarefado. A escrita minuciosa e algo cirúrgica leva-nos pela vida deste homem numa época pós 11 de Setembro, com todas as suas consequências, que se inicia num episódio algo semelhante, mas que nos leva a perceber a diferença entre a realidade e o medo de concretização dessa mesma realidade.
É um livro excelente, mas que na minha opinião não se assemelha com a obra prima que é Expiação.
Podem descobrir outros detalhes bibliográficos deste autor pelo site oficial e ler algumas críticas portuguesas sobre McEwan.
Aqui fica a imagem do novo livro que já se encontra a venda em Portugal e um pequeno excerto do mesmo.


"A sua visão - sempre boa - parece ainda mais aguçada. Vê a mica da pedra do passeio cintilar na praça reservada aos peões, excrementos de pombos endurecidos pela distância e pelo frio e transformados em algo quase belo, como pequenos farrapos de neve. Gosta da simetria dos postes de ferro fundido preto, e das sombras ainda mais enegrecidas, e do entrançado das tampas das caleiras. O lixo que transvasa dos contentores sugere-lhe abundância e não imundície; os bancos vazios à volta dos jardins circulares parecem-lhe tranquilamente à espera dos seus ocupantes diários - alegres empregados de escritório à hora de almoço, os rapazes da residência indiana, com o seu ar solene e compenetrado, amantes em êxtases silenciosos ou em crise, traficantes de droga crepusculares, a velhota louca com os seus gritos ferozes e assustadores. "Vai-te embora!", grita durante horas a fio, com uma voz rouca que faz lembrar uma ave dos pântanos ou um animal dos jardim zoológico."

4 Comentários:

Às quarta-feira, junho 01, 2005 10:19:00 da tarde , Blogger maria disse...

Também gosto muito de Ian McEwan.O Sábado já está na minha lista de compras à espera de melhores tempos. Entre os livros dele não mencionou "O sonhador" que é igualmente interessante.

 
Às quinta-feira, junho 02, 2005 11:03:00 da manhã , Blogger Hitler disse...

Realmente não mencionei, e também é bastante bom, num estilo bem diferente do habitual. Mas também não mencionei O Jardim do Cimento, que é bastante perturbador e forte nem o Estranha Sedução, que é algo mais leve mas também muito bom!

 
Às quinta-feira, junho 02, 2005 6:37:00 da tarde , Blogger maria disse...

Pensei que não conhecese esse, mas já vejo que não lhe escapou nenhum e também concordo que são todos bons.

 
Às terça-feira, janeiro 19, 2010 4:25:00 da manhã , Blogger Unknown disse...

Thanks for the great article
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