O que o público quer
Assisti ontem ao programa da RTP, "Prós e Contras", dedicado ao humor em Portugal.
Falou-se, entre muitos outros aspectos, sobre o tipo de programas de humor dos canais generalistas (o programa da anedota fácil e do riso imediato).
A certa altura, um dos intervenientes disse algo que eu considero muito acertado e que me parece não ser a opinião de muitos pessimistas com quem falo: o público gosta daquilo que lhe dão. Se lhe derem cada vez programas melhores, o público cada vez gosta de coisas melhores.
É um facto. Um facto que contraria uma certa perspectiva conformista vigente, segundo a qual não há grande coisa a fazer em termos da cultura das massas. Segue-se a via do facilitismo sem pestanejar, com a certeza de só dessa forma "agarrar" o espectador. Cola-se no espectador médio um rótulo de burro incapaz de compreender mais do que uma anedotazinha brejeira e esquece-se de que os gostos se educam e as mentalidades não são estáticas. Nesta "aldeia global", cabe precisamente aos media o papel de as transformar, quer queiramos quer não.
E os media não podem nem devem negligenciar o seu papel formador, seguindo uma via escapista de entretenimento pobre.
Se calhar estou a ser demasiado optimista, mas acredito sinceramente que o público português vê "Os Malucos do Riso" e a "Quinta das Celebridades" porque é o que lá está, mas se lá puserem programas com verdadeiro interesse, o público também o vê, com o mesmo contentamento.
Não quero com isto dizer que entendo o público como uma entidade passiva, a quem podemos dar toda a palha que a digerem como se fossem verduras. O público escolhe, o público reflecte.
Mas o poder dos media é inegável e a sua influência na educação das mentalidades e na condução das culturas é um dado adquirido. É a eles que cabe a tarefa inicial no tão desejado processo de mudança das mentalidades.
As pessoas afirmam que não lêem (ou lêem pouco) por falta de tempo. É claro que passam horas demais a ver televisão e aí não se queixam de falta de tempo mas é preciso compreender que a televisão apoderou-se por completo da vida das pessoas. Acredito, portanto, que se os canais de televisão substituissem os programas que preenchem o seu prime-time por programas de divulgação científica e cultural, o público veria na mesma esses programas. E dava-se assim um passo na mudança das mentalidades. No entanto, as lógicas de mercado e as pressões das audiências continuam a ser soberanas...
Falou-se, entre muitos outros aspectos, sobre o tipo de programas de humor dos canais generalistas (o programa da anedota fácil e do riso imediato).
A certa altura, um dos intervenientes disse algo que eu considero muito acertado e que me parece não ser a opinião de muitos pessimistas com quem falo: o público gosta daquilo que lhe dão. Se lhe derem cada vez programas melhores, o público cada vez gosta de coisas melhores.
É um facto. Um facto que contraria uma certa perspectiva conformista vigente, segundo a qual não há grande coisa a fazer em termos da cultura das massas. Segue-se a via do facilitismo sem pestanejar, com a certeza de só dessa forma "agarrar" o espectador. Cola-se no espectador médio um rótulo de burro incapaz de compreender mais do que uma anedotazinha brejeira e esquece-se de que os gostos se educam e as mentalidades não são estáticas. Nesta "aldeia global", cabe precisamente aos media o papel de as transformar, quer queiramos quer não.
E os media não podem nem devem negligenciar o seu papel formador, seguindo uma via escapista de entretenimento pobre.
Se calhar estou a ser demasiado optimista, mas acredito sinceramente que o público português vê "Os Malucos do Riso" e a "Quinta das Celebridades" porque é o que lá está, mas se lá puserem programas com verdadeiro interesse, o público também o vê, com o mesmo contentamento.
Não quero com isto dizer que entendo o público como uma entidade passiva, a quem podemos dar toda a palha que a digerem como se fossem verduras. O público escolhe, o público reflecte.
Mas o poder dos media é inegável e a sua influência na educação das mentalidades e na condução das culturas é um dado adquirido. É a eles que cabe a tarefa inicial no tão desejado processo de mudança das mentalidades.
As pessoas afirmam que não lêem (ou lêem pouco) por falta de tempo. É claro que passam horas demais a ver televisão e aí não se queixam de falta de tempo mas é preciso compreender que a televisão apoderou-se por completo da vida das pessoas. Acredito, portanto, que se os canais de televisão substituissem os programas que preenchem o seu prime-time por programas de divulgação científica e cultural, o público veria na mesma esses programas. E dava-se assim um passo na mudança das mentalidades. No entanto, as lógicas de mercado e as pressões das audiências continuam a ser soberanas...
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