sábado, julho 02, 2005

Closer (2004), Mike Nichols



Mike Nichols realizou e co-produziu em 2004 esta adaptação de uma peça homónima de Patrick Marber. O resultado foi um filme nomeado para dois Oscares e que ganhou dois Globos de Ouro, entre muitos outros prémios e nomeações, tendo já, entre muitos, o estatuto de 'culto'.

Closer
é a história dramática (e/ou romântica) de 4 pessoas cujas vidas se entrecruzam em nós cegos: Alice (Natalie Portman) que se apaixona por Dan (Jude Law) que depois se apaixona por Anna (Julia Roberts) que se casa com Larry (Clive Owen). As relações destas quatro pessoas, que formam casais que nunca chegam completamente a sê-lo, são decompostas neste filme, tornando-se inquitantes espelhos das relações humanas.

Os flashbacks que compõem o filme, sempre a jogar com a complexidade das relações que os envolvem, tornam o filme num interessante exercício narrativo, mais do que o simples relato de histórias de amor. Acrescentam-se aos flashbacks várias elipses de momentos fundamentais da acção (que o espectador conhece apenas em segunda mão, pela voz das personagens), como forma de adensar o mistério em torno da teia de relações.
A história não prima pela originalidade mas é pela construção que é feita a partir dela que Closer se afirma como um bom exemplo de cinematografia.

O elenco não precisa de apresentações e o realizador também já tem provas dadas de talento (sendo a mais recente a mini-série Angels in America). Natalie Portman e Julia Roberts mostram a sua maturidade profissional neste filme e Clive Owen também mostra o porquê do seu reconhecimento. Jude Law é, a meu ver, o que menos revela o melhor de si (ainda que também esteja bastante bem no seu papel de escritor de obituários com aspirações a romancista, apaixonado e enganador convencido de que é honesto). Todas as personagens são cheias de densidade, não havendo em Closer lugar para os típicos estereótipos do 'vilão' ou do 'bom' da fita. Todos são, em simultâneo, bons e maus, porque é mesmo assim a essência humana.

A banda sonora é extremamente envolvente, principalmente a música de Damien Rice.