terça-feira, maio 17, 2005

Porque é que gostam tanto de rejeitar a simplicidade se é nela que estão às vezes as coisas mais belas?

Vinha agora para casa a ouvir na TSF a entrevista ao Paul Auster e confesso que estava com um pouco de pena do escritor.
O pobre do Senhor Auster passou mais de metade da entrevista a negar conclusões que eram tiradas a respeito dos seus livros e interpretações transcendentes de palavras dele que eram meramente palavras. Porquê Portugal? Porque sim. Porque não não sei o quê? Porque não.
As coisas são muito mais simples do que aquilo que os outros as tornam e essa complexidade adquirida é uma coisa que está sempre a acontecer em diversas formas de Arte, como na Literatura. É pena porque às vezes as coisas mais simples são mais belas do que as complexas. Não vejo motivo para se fazerem interpretações transcendentes de factos simples.
Isto faz-me lembrar algo que li já não sei onde, mas desconfio que tenha sido numa crónica do António Lobo Antunes em que ele contava que quando perguntaram ao Picasso porque tinha pintado não sei que forma com não sei que cor, ele respondeu qualquer coisa do género «porque a outra cor se tinha acabado». Às vezes, acho que muitas vezes, a Arte é isto. E nada mais do que isto. E não é menos Arte por isso.

7 Comentários:

Às terça-feira, maio 17, 2005 10:32:00 da tarde , Blogger Hitler disse...

concordo plenamente com o que disseste! Parece que as pessoas não conseguem ler uma coisa sem dela tirar ilações por vezes completamente disparatadas. Isso lembra-me também uma série de tv que dava recentemente sobre um escritor de livros de terror e o seu editor (hilariante por sinal) em que uma amiga fez um trabalho sobre um dos livros com a ajuda do próprio escritor e o professor disse que estava tudo errado porque o sangue e a facas eram metaforas ou outras coisas do género, quando eram apenas sangue e facas!
Acho que é uma necessidade fisiológica quererem dar significado a todas as palavras, adjectivos, verbos e acentos ou vírgulas, torna-se por vezes ridículo.

 
Às quarta-feira, maio 18, 2005 10:30:00 da tarde , Blogger Mussolini disse...

Acho que o a arte tem de bom é o facto de cada pessoa poder interpretar à sua maneira. Não importa se é um livo, um filme ou um CD. Isto remete-me um bocado para Tolkien, e as críticas que faziam constantes alegorias das personagens, e mesmo da história em si.

 
Às quarta-feira, maio 18, 2005 10:53:00 da tarde , Blogger Graza disse...

Ó Vera, só não gosto do "às vezes".

 
Às quinta-feira, maio 19, 2005 4:07:00 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Talvez a perspectiva da sociologia da literatura dê uma ajuda. Temos de ter em conta a dimensão da Recepção dos textos, ou seja, as diferentes leituras de acordo com os diferentes leitores e épocas, e o sentido atribuído. Michel de Certau referia-se à "arte da malandragem", isto é, os leitores são receptores, mas não são passivos, constituindo focos de resistência.Umberto Eco falava em "obra aberta"...

Enquanto futuro sociólogo, o que Paul Auster fez na entrevista foi dar asas ao seu "interviewed self", produzindo um discurso típico dos contextos de entrevista a escritores ou intelectuais. Fez uma representação social de si mesmo... mas isto é só uma humilde e sumária análise, pois eu não ouvi a entrevista, embora quisesse tê-la escutado pois vi o artigo no jornal.

João

 
Às quinta-feira, maio 19, 2005 4:09:00 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

oops, enganei-me ali na primeira frase: Enquanto futuro sociólogo, digo que Paul Auster...

assim é que está certo hehe.

 
Às quinta-feira, maio 19, 2005 7:08:00 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

epá comentários intelectuais!! gosto :) muito bem, senhor futuro sociólogo!

Pois é, Graza, também não sei se queria dizer mesmo "às vezes". Mas às vezes sai-me...

 
Às sábado, março 03, 2007 11:30:00 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

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