terça-feira, novembro 15, 2005

Don Quijote by Orson Welles



Estreia esta quinta-feira no Cinema King, em Lisboa, Don Quijote by Orson Welles, o filme inacabado do realizador de Citizen Kane, uma versão cinematográfica da mítica obra de Cervantes. É um Dom Quixote diferente porque, se por uma lado tem por base a obra e as personagens de Cervantes, por outro tem como cenário a Espanha actual (facto que dá origem a anacronismos vários).

Welles demorou 14 anos a fazer este projecto e, não o concluindo, coube a Jesus Franco a tarefa de compilar o resultado do trabalho de Welles. O problema é que o que ficou desses 14 anos não foi um conjunto coerente de imagens, cuja único elemento em falta eram os elos de ligação. Welles deixou sequências muito diversificadas, algumas sonorizadas e outras ainda por sonorizar e algumas notas de como gostaria de misturar tudo aquilo. Deixou também cerca de uma hora, com narração sua. A ordem sequencial de todos os elementos não foi deixada nada clara e, assim sendo, qualquer tentativa de compilação, por muita qualidade que tenha e muito respeito que nos mereça, poderá ser sempre posta em causa.

É certo que Franco esteve presente em boa parte do trabalho de Welles para este filme. Ainda assim, não podemos deixar de considerar este Don Quijote apenas uma proposta de compilação de material de Orson Welles, salvaguardando as devidas (e jamais esclarecidas) dúvidas em relação ao que Welles realmente queria.

Don Quijote by Orson Welles não é o único filme inacabado de Welles e está muito longe de ser o único filme inacabado da história do Cinema (Une partie de Campagne de Jean Renoir ou Que Viva Mexico de Sergei Eisenstein são apenas dois exemplos) e as questões que se colocam em relação a este filme podem colocar-se em relação a outros trabalhos por concluir. Para além disso, é também possível ponto de discussão o «by Orson Welles» que acompanha o título. Se pudesse ver a obra terminada por Jesus Franco, até que ponto poderemos afirmar que Welles se identificaria com aquele trabalho? Não sabemos. Nunca saberemos. E por isso mesmo, talvez valha a pena ver este filme, sempre com a noção das suas particularidades (digo talvez porque o meu professor de Análise Fílmica passou os primeiros minutos do filme na aula e isso não me incentivou nada a ir vê-lo ao cinema...).

Apesar de ter quase todo o material pronto, faltava o mais importante, aquilo que separa a definição de filmes de mero conjunto de imagens: faltava a montagem. Foi esse passo, o mais importante, que uma morte prematura impediu Welles de concretizar.

De referir que a edição em DVD não tardará em aparecer.

6 Comentários:

Às terça-feira, novembro 15, 2005 12:02:00 da tarde , Blogger Hitler disse...

Interessante, mas podem surgir questões dubias como tu referiste.
Falta sempre o toque de Orson Welles mas tendo estado presente durante o projecto é possível que esteja familiarizado com o produto final.
Uma boa aposta, mas acho que também estreia no Millennium Alvalaxia com projecção digital.

 
Às terça-feira, novembro 15, 2005 4:17:00 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

beeeeeeeeeeem! q atenta nas aulinhas! olha.. tenho a dizer-te q essa aula nossa saíu no Y d sexta feira. mas.. tu ja deves saber disso LOL

**

 
Às terça-feira, novembro 15, 2005 7:23:00 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

lol pois sabia! até comentei com alguém que a nossa aula tinha sido a crítica do mjt no Y... ele aproveitou os rascunhos... fez bem!

 
Às segunda-feira, janeiro 29, 2007 9:50:00 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

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