sexta-feira, março 11, 2005

Foi a 10/03/2005

Eram 18h 50m. Dois minutos depois de eu entrar em casa, três carros de bombeiros, duas ambulâncias, uma viatura do INEM e outra da GNR irromperam pela praceta, luzes a piscar e sirenes ensurdecedoras.
Pararam no prédio ao lado.
As janelas encheram-se de cabeças de inquilinos e um aglomerado de gente correu para a rua, sedenta de informações.
Após muitas especulações («Fogo?», «Em que andar?», «Quantos feridos?»), veio a informação certa: a filha (demasiado) pequena de um casal (demasiado) jovem foi pedir socorro aos vizinhos porque os pais estavam a morrer.
Os vizinhos chamaram os bombeiros que, apesar dos esforços, não conseguiram evitar que uma fuga de gás num apartamento de periferia roubasse a uma criança o pai que ainda nessa manhã a tinha acordado. A mãe, soube-se agora, depois de levada para o hospital, quase sem réstia de esperança, sobreviveu.

É estúpido...tão estúpido que desgraças deste tamanho possam acontecer assim, num estalar de dedos (e aqui tão perto).
O carro do vizinho continua estacionado à porta, pala protectora do sol para baixo, desleixo de quem, atarefado, acabou de chegar.
A casa agora está vazia. Ou cheia de um ar podre que provocou uma morte. Aqui ao lado.

Podia ter sido ficção. Mas não foi.

3 Comentários:

Às sábado, março 12, 2005 8:10:00 da tarde , Blogger Miguel Fino disse...

Isto é surreal, bem que história...Peço desculpa do que vou dizer mas eu gostava de viver essa experiência (a de observador), deves ter aprendido a dar valor à vida não?

 
Às sábado, março 12, 2005 11:33:00 da tarde , Blogger vera disse...

Aprendi foi a viver assustada, que é um bocado como me tenho sentido. Pensar que tudo pode acabar assim de repente... bolas! nem sei o q dizer!

 
Às quarta-feira, fevereiro 21, 2007 5:47:00 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

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