domingo, junho 05, 2005

O bem que ela pode fazer



No seu programa, que já dura desde 1986, Oprah Winfrey, com um talento para a comunicação que ninguém pode negar (goste ou não do programa), deriva de entrevistas a estrelas de Hollywood a iniciativas de caridade que deixam a audiência a chorar como se o Mundo acabasse ali (se bem que deixá-las a chorar não é difícil uma vez que aquele bando de histéricas parece ser criteriosamente escolhido). Se numa edição Oprah decide renovar o guarda-roupa de alguém ou entrevistar o Brad Pitt, na outra decide rumar para a África do Sul e distribuir roupa e brinquedos.
Uma das iniciativas do programa da Oprah com mais sucesso é, sem dúvida, o "Oprah's Book Club". O que se passa é que a Oprah escolhe um livro (que, no programa em que é revelado, é oferecido a toda a audiência) e depois, com um plano de leituras disponível online (mais um fórum para discussões sobre o livro e uma enchente de merchandising, de chinelos a pijamas), milhões de pessoas juntam-se a ela durante o Verão para lerem o mesmo livro ao mesmo tempo.
Esta iniciativa tem valido às editoras norte-americanas grandes lucros. É que, qualquer que seja o livro que Oprah anuncie, ele escala directamente para o top de vendas, e de lá não sai enquanto o Verão não termina.
Para este ano, Oprah escolheu o Nobel William Faulkner. 24 horas depois desta escolha, uma caixa com 3 livros de Faulkner, As I lay Dying, The Sound and the Fury e Light in August estava no segundo lugar de vendas da Amazon.com, só ultrapassado pelo novo livro do Harry Potter, que sairá em Julho.
A editora Vintage, pertencente à Random House, já enviou 500.000 cópias deste conjunto de três livros.

O "Oprah's Book Club" começou em 1996, e Oprah começou por escolher romances recentes em vez de clássicos. O logotipo do "Oprah's Book Club" nas capas dos livros fez desde logo disparar as vendas dos mesmos para mais de um milhão de exemplares.
Da lista de escolhas já constou Gabriel Garcia Marquez (Cem anos de Solidão), Tolstoy (Anna Karenina) ou John Steinbeck (East of Eden). Este livro de Steinbeck vendeu mais de 1.2 milhões de cópias, no Verão em que Oprah o recomendou. Anna Karenina vendeu mais de 900.000 cópias.

O que esta senhora faz pelos livros nos EUA é, parece-me, de louvar. Seja ajudando a publicitar novos romances, seja a ressuscitar velhos clássicos que, sem ela, dificilmente sairiam das estantes, Oprah dá uma contribuição muito forte, não só para os lucros das editoras, mas sobretudo para os hábitos de leitura do país.

3 Comentários:

Às domingo, junho 05, 2005 12:05:00 da tarde , Blogger Hitler disse...

E isso não acontece só com os livros, basta a senhora elogiar um roupão ou um doce estes sobem as vendas em 500% e 1000% respectivamente! É incrivel o poder que ela tem!Mas eu gosto bastante do programa, e olha que acho que começou em 1984!

 
Às domingo, junho 05, 2005 6:06:00 da tarde , Blogger maria disse...

Às vezes vejo o programa quando ao fazer zapping deparo com alguém de quem gosto.É sempre um bocado lamechas. Mas é pena que não haja um programa em português que faça o que ela faz pelos livros. Enfim, temos o professor Marcelo que sempre nos receita uns livros, mas não tem a mesma força.

 
Às segunda-feira, junho 06, 2005 12:47:00 da manhã , Blogger Mussolini disse...

Oprah Winfrey é o perfeito exemplo da frase "everything i touch turns to gold". Acima de tudo é uma mulher com um grande coração. E quem não gostaria de lá estar na plateia naqueles dias fantásticos do "Oprah's favourite things". Ah pois é...

 

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